Datação por carbono-14
Com certeza você já leu ou
ouviu alguma matéria ou noticiário em que os cientistas falam que tal fóssil
era de milhares de anos atrás. Mas você já parou para se perguntar como eles
chegaram a essa determinada conclusão? A resposta para isso está na datação por
radiocarbono, ou seja, através do carbono-14.
Tudo que já teve vida algum
dia ou que foi produzido por algum ser vivo pode passar por esse processo de
desvendar à qual período da história ele pertenceu. A precisão dele é praticamente
absoluta e, por isso, os cientistas o usam até hoje, mesmo tendo sido
descoberto na década de 1940.
Contexto histórico
Datação
por carbono 14 é um método usado para encontrar a idade de um composto
orgânico. Esse método foi descoberto em 1949, na Universidade de Chicago por um
químico chamado Willard Frank Libby e seus colegas. Após a segunda guerra
mundial, Libby e seus colegas desenvolveram o método de datação por carbono 14,
foi o primeiro método de datar um material de origem biológica. Devido a esse
feito, Libby ganhou o premio Nobel em química em 1960.
Segundo
Libby, os organismos vivos possuem uma relação de carbono 14 e carbono 12 assim
como encontrados na atmosfera. Dessa forma, quando uma planta e um animal
morrem, deixam de absorver o carbono 14, portanto o isótopo iria decair
enquanto o carbono 12 não, consequentemente, a relação entre os dois mudaria,
sendo possível medir essa mudança e determinar uma idade. Libby media a
decadência radioativa usando contadores Geiger, se a radioatividade fosse
baixa, o decaimento havia ocorrido então o carbono era antigo.
O átomo de carbono
O carbono é um elemento
químico presente em toda matéria viva. Ele se divide em três isótopos
diferentes: carbono-12, que é o mais abundante de todos (aproximadamente 99% de
todo o carbono da Terra se enquadra aqui); carbono-13, que corresponde a 1% do
total; e o mais raro de todos, o carbono-14, com apenas 0,001% da totalidade de
carbonos do planeta.
Os três isótopos do carbono
Como todo ser vivo possui
átomos de carbono, eles existem na sua composição com o mesmo equilíbrio que
existe na Terra. Em outras palavras, 0,001% dos carbonos do próprio corpo pertence
ao isótopo C-14. Entretanto, ele é radioativo, tendendo a emitir uma partícula
Beta até se transformar em nitrogênio.
Tudo começa lá no espaço, quando
os raios cósmicos atingem a Terra, vindos do Sol ou mesmo dos confins do Universo,
eles colidem, então, com diversos átomos que vão encontrando pelo caminho e,
com isso, “arrancam” nêutrons de seus núcleos. Esses nêutrons “perdidos” vão
interagir com os átomos de nitrogênio, que é o elemento mais abundante na atmosfera,
criando o carbono-14.
A medição
Na verdade, a reação acima
também libera átomos de hidrogênio, mas o que importa é o C-14. Ele vai
interagir com o oxigênio, criando um gás carbônico com o carbono-14. Após isso,
será absorvido pelas plantas e, posteriormente, pelos animais e pelo ser humano.
Depois que um ser vivo morre,
o C-14 no corpo possui a tendência de voltar a ser um átomo de nitrogênio, mas esse
processo é bastante lento. Foi então que o cientista Willard Libby teve a ideia
de medir a quantidade de radiação emitida pelo C-14. Através disso, é possível
saber quanto tempo aquele ser deixou de respirar.
A medição da radiação é feita
por um instrumento chamado Contador Geiger-Müller. Com esse aparelho
extremamente sensível, é possível medir a radiação da atmosfera. Assim,
isolando a amostra cujo período histórico se deseja descobrir, é possível medir
apenas a radiação do carbono-14.
Contador
Geiger-Müller faz o cálculo da radiação de C-14 para determinar a idade de
alguma amostra
Período que pode ser medido
Entretanto, não se podem medir
datas tão longas quanto imaginamos. O teste com C-14 só é confiável para datações
de, no máximo, 50 mil anos. Isso porque a radioatividade do carbono-14 é muito
pequena e cai pela metade a cada 5.730 anos, também chamada de “meia-vida do
C-14”. Assim, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o método só é
eficiente para, no máximo, 10 meias-vidas do C-14 nesse tipo de datação – para
objetos mais antigos, é necessário usar outro meio de datação.
Esse
método impactou diversas áreas, incluindo a arqueologia, geologia, geofísica
entre outros ramos da ciência. Podem ser datados uma variedade de materiais,
como madeira, carvão, conchas, ossos e outros, mas desde que tenham menos de 50
a 60 mil anos de idade, além de 60 mil anos quase não mais existe radiocarbono
na amostra. Esse método pode ser bastante preciso, mas podem ocorrer algumas
incertezas, como as condições atmosféricas, que podem provocar discrepâncias na
quantidade de carbono presente.
A descoberta desse método de
datação através da radioatividade conferiu a Willard Libby o Prêmio Nobel de
Química em 1960. Ele faleceu em 1980, aos 71 anos, mas com certeza foi um dos
maiores gênios do século passado.
Referências
IAEA, O. B. Y.; CO-OPERATION, I. N.;
UNESCO, W.; SYMPOSIUM, P. O. F. A. Isotope Hydrology. , , n. March, p. 9–13,
1970.
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